A Derrota Avassaladora de Bolsonaro na Eleição de 2020.


 A Derrota Avassaladora de Bolsonaro na Eleição de 2020

                                                                                                                                 Por Manoel Fonseca *

1. O presidente Bolsonaro sofreu uma grande derrota eleitoral. A maioria esmagadora dos candidatos apoiados nominalmente pelo presidente saiu derrotada. As maiores derrotas ocorreram nos dois maiores colégios eleitorais do pais: São Paulo e Rio de Janeiro. A derrota esmagadora de Crivela e Russomano  foi um indicativo claro da derrota do fundamentalismo religioso, da fábrica do fake news, do negacionismo científico, do desrespeito à vida, do discurso tóxico, intolerante, racista, misógino e homofóbico, defendido grosseiramente por Bolsonaro, seus filhos e adeptos ideológicos.

2. Houve um fortalecimento do centro e centro-direita esclarecida, mas com um deslocamento de força dentro deste espectro político, com redução significativa no número de prefeitos/as do MDB e PSDB, que continuam sendo os maiores partidos eleitoralmente falando (no caso do PSDB houve a vitória em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País) e constatou-se um grande fortalecimento do PSD, que elegeu mais 600 prefeitos e o Prefeito de Belo Horizonte no primeiro turno, com grande vantagem, e o DEM, que fez mais de 400 Prefeituras e os Prefeitos de quatro capitais, Florianópolis, Curitiba, Salvador e Rio de Janeiro, derrotando o Crivela.

O PSDB provavelmente lançará candidato para presidente em 2022 e será um forte protagonista. Os dois partidos do Centro, que emergem como grande força, o DEM e PSD, serão decisivos na formação de uma possível frente democrática, caso se unam com partidos do campo progressista para construir uma aliança de centro-esquerda contra a extrema-direita bolsonarista.

3. Bolsonaro, para manter-se eleitoralmente viável, vai ter que fazer grandes concessões para os partidos de direita pura, fisiologistas, fundamentalistas e retrógrados, que também se fortaleceram, o Progressista, o Republicano e o PL. Como Bolsonaro está sem partido e não teve força politica para fundar um, depois de sua derrota dentro do PSL, ele será obrigado a filiar-se a um destes tres partidos, mas entra muito enfraquecido pelo desgaste e derrotas nas eleições municipais e pela lenta, mas progressiva queda de popularidade.

4. No campo progressista, embora numericamente tenha perdido prefeituras, observa-se a retomada da iniciativa, o maior protagonismo, o fortalecimento de algumas alianças estratégicas e a mudança da liderança dentro deste campo, particularmente no Nordeste. Observa-se que o PDT fez o maior número de prefeitos (314) e vereadores (3441), ganhou em duas capitais, em parceria com o PSB, Fortaleza, numa disputa acirrada com um candidato Bolsonarista e Aracaju, participou como vice de duas vitórias do PSB, em Recife e Maceió e fez a vice prefeitura em mais duas capitais, em Salvador, em aliança com o DEM e em Natal, numa aliança com o PSDB e PSB. A aliança PDT, PSB, Rede e PV fortalece o embrião de uma frente progressista.

Destaca-se ainda, neste campo, o desempenho formidável de duas jovens lideranças, a Manuela D'Avila, em Porto Alegre, do PCdoB, que fez um disputadíssimo segundo turno, credenciando-se para liderar uma frente democrática e popular em 2022 para a disputa do Governo do Estado e Guilherme Boulos, do PSOL, que firmou-se em São Paulo, unificando todo o campo progressista no segundo turno,  conquistando o espaço geo-politico que fora anteriormente do  PT nesta capital. O PSOL conseguiu conquistar a Prefeitura de Belém do Pará.

O PT precisa reavaliar sua estratégia de ação, pois não conseguiu fazer nenhum prefeito de Capitais e conquistou apenas 183 prefeituras, quando já tivera 630 prefeitos na eleição de 2012. Mesmo assim retomou a iniciativa política, reconquistou prefeituras importantes em São Paulo e em outros Estados, tem uma militância aguerrida e numerosa e pode ser importantíssimo na formação de uma Frente Democrática e Popular em 2022 para derrotar o bolsonarismo.

As eleições municipais de 2020 romperam com uma onda negacionista, intolerante, preconceituosa e de desprezo pela vida e apontaram para a derrota do bolsonarismo tacanho e da extrema direita rancorosa e seus aliados e para a vitória, em 2022, de um projeto nacional de desenvolvimento inclusivo, ecológico, soberano e democrático.

Manoel Fonseca - Médico e escritor

Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia

Médico e escritor, membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores-SOBRAMES-CE e titular da Academia Quixadaense de Letras - AQL. Autor, entre outros escritos, dos livros: Desafios para a Saúde Pública do Ceará, Iracema nosso amor, Tempo de Nascer: O Cuidado Humano no Parto e Nascimento, Benditas & Guerreiras, Lendas e Encantos, Baú dos Avós, Fortaleza: Cidade Saudável e Fraterna, Madalena e o Sagrado Feminino e Meu Povo Ancestral (2020)

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