Aboio no Sertão de Quixadá

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Aboio no Sertão de Quixadá

Manoel Fonsêca
Quando canto um aboio que vem lá do coração, o gado fica quieto como a prestar atenção, e o cavalo ensimesmado escuta minha canção! Ê, vida de gado, ô... (Estribilho) Meu cavalo é tão bonito pelo lustroso e cardão, tem uma estrela na testa e se chama alazão, é tão forte como um touro, rápido que nem gavião! Eu monto no meu cavalo, chapéu de couro e gibão, ele corre bem ligeiro, as rédeas na minha mão. Lanço o laço no espaço: é boi preso no mourão! Muita alegria se espalha quando chove no sertão, o sertanejo se apressa prá plantar milho e feijão, pássaros fazem seus ninhos, no açude canta o carão! Dia 13 de dezembro assunto as pedras de sal, se choram e se desmancham este é um bom sinal, muita água no açude, muita fruta no quintal. Se o João de Barro faz ninho para o lado do poente, se as cigarras cantam juntas em sintonia estridente, vai chover no meu sertão e o povo fica contente! Se flora o mandacaru, se canta o "passo" carão, se coaxa o cururu, se dá flor o Sombreão, são sinais de bom inverno, vai chover no meu sertão! Se as formigas criam asas e voam lá no terral, se constroem o formigueiro feito torre de areal, são sinais de bom inverno, tanajuras no embornal! Quem aboia não esquece das coisas lá do sertão, tomar banho no açude, arraia, bila e pião, e os namoros na esquina prá alegrar o coração! Pamonha, milho cozido, feijão verde no almoço, coentro como tempero com quiabo é um alvoroço, a fartura do inverno alegra o velho e o moço! Que as forças da natureza protejam bichos e gentes, a dádiva de um bom inverno faz germinar as sementes, e os frutos da boa terra a todos deixam contentes! Não deixe nunca de amar nossa mãe terra querida, a casa de todo mundo, proteção de toda vida, mas precisa ser cuidada e jamais ser destruída! Dá uma saudade danada ver chover no meu sertão, tomar banho de biqueira, ouvir ronco de trovão. Assim termino este aboio, que alegrou meu coração! Este é um aboio autoral criado em homenagem aos sertanejos nordestinos e aos profetas da chuva. Autor: Manoel Fonseca 13 de janeiro de 2013

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